Os
anos setenta, no Brasil, foram anos difíceis, anos de ditadura,
falta de liberdade, censura e perseguições. Mas
foram anos de resistência, formada pelos intelectuais, estudantes,
operários, artistas. Os anos setenta podem ser vistos como
anos de chumbo brasileiro, anos em que os movimentos sociais foram
sufocados, muitos presos políticos, tortura, exílio
forçado, mas também vivenciou o fim deste regime
no final da década com o ressurgimento dos movimentos sociais
e a derrocada do regime militar.
É neste contexto histórico
que em 1977 foi fundada a Associação Profissional
dos Desenhistas técnicos, artísticos, industriais,
copistas, proetistas técnicos e auxiliares no RS. Os Desenhistas
uniran-se em torno de uma mesma causa: a organização
e a conscientização dos Desenhistas para a fundação
do seu próprio Sindicato.Os Desenhistas desta época
eram insatisfeitos com a não representatividade do Sindicato
que recolhia as contribuições. Somente no ano de
1980 que a Associação passa a ser SIDERGS, Sindicato
dos Trabalhadores Desenhistas do RS.
O campo de trabalho do desenhista em geral era muito instável.
Havia muito pouco vínculo empregatício e seus direitos
não eram respeitados. O número de desenhistas era
muito grande, mas a desorganização era uma característica
desta classe trabalhadora.
Foi com esta preocupação que os desenhistas se uniram
e fundaram o Sindicato dos Trabalhadores Desenhistas do RS.
"No inicio dos anos oitenta,
tão logo tomamos posse, começamos a montar a estrutura
do sindicato, inicialmente funcionava na sede da FITEDECA, no
centro de Porto Alegre, de quem recebemos relevantes apoios na
pessoa do ex presidente Edson das Neves (in memóriam),
mas aos poucos fomos nos organizando e tão logo passamos
a receber as primeiras contribuições procuramos
a nossa independência, alugamos uma sala no mesmo prédio
e em seguida passamos a comprar os móveis, inicialmente
foi adquirida em leilões, naquela época a máquina
do momento era a de escrever e quem conseguia bater com dois dedos
era mestre (todos nós éramos dedógrafos).
O material de expediente,
fichário, carteiras, em fim tudo era montado por nós
através do normógrafo, muitas vezes passamos os
fins de semana trabalhando dentro do sindicato para dar conta
do recado tendo em vista o pouco tempo que tínhamos, todos
os dias os três mosqueteiros como alguns chamavam (Iedo,
Eloim e o Jose Flori), saia da empresa Coemsa direto para o sindicato
e ficava até nove dez horas trabalhando. Nossas reuniões
era na primeira na terça de cada mês e não
tinha hora para acabar, lembro dos colegas Álvaro e Marcelino
que vinha de uma jornada de trabalho em Novo Hamburgo direto para
as reuniões. Tempo bom, nos anos oitenta era prazeroso
havia uma participação importante e constante dos
diretores dentro e fora do sindicato, em determinadas épocas
dividimos a diretoria em comissões para facilitar os trabalhos.
Certa época tinha um secretário que trabalhava em
Guaíba na Celupa (Gaspar Larsem), este, alem do trabalho
que desempenhava com qualidade, animava o ambiente imitando tudo
o que era bicho, parecia um zoológico.
Nossa primeira greve se deu
por conta das demissões na empresa COEMSA, em 1983, a nossa
inexperiência era grande mas o compromisso com os colegas
não nos deixou fraquejar. Participamos de uma assembléia
no Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, que na época
tinha como presidente o hoje Senador Paulo Paim, saímos
cada um com uma missão naquela noite quase não dormi
pensando na tarefa que nos foi imposta furar os pneus do ônibus
que saia do centro de Porto Alegre, na verdade nós acabamos
amarelando e conversamos com o motorista partimos para a mobilização
para atacar o ônibus perto da empresa, que depois não
foi necessário, paramos a empresa por doze dias não
conseguimos tudo o que reivindicava, mas o saldo foi positivo.
Nesta época não
havia central sindical, as reuniões e manifestações
se davam através da intersindical que reunia os sindicatos
independente das suas convicções partidárias.
Nosso sindicato sempre estava presente, em 1981 no primeira Conferencia
nacional da Classe Trabalhadora - CONCLAT em Praia Grande na cidade
de Santos/SP, foi o grande congresso que deu o pontapé
inicial para posteriormente a fundação da Central
Única dos Trabalhadores - CUT, tudo isso ainda no regime
militar, que se estenderam até 1985 as lutas de classe
nesta época era feita na cara e na coragem, porque democracia,
censura, tortura, a falta de direitos constitucionais, a perseguição
política, repressão, etc... A convicção
da classe trabalhadora de que era preciso abrir espaços.
No Rio Grande do Sul, participamos da fundação da
CUT estadual em agosto de 1983.
Desta época
até os dias de hoje, continuamos na luta, participando
de movimentos sociais, sindicais, sempre determinados a alcançar
melhorias trabalhistas mais humanas. Neste sentido é que
desde de a década de 80 quando começamos a luta
pela Regulamentação da Profissão, até
hoje, não desistimos e continuamos lutando. A história
do SIDERGS é marcada por este objetivo, por vezes quase
utópico. Mas não iremos desistir, continuaremos
nesta luta até o fim."
José Flori Cardoso Prestes
Diretor Presidente
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